segunda-feira, 8 de março de 2010

Aconteceu ... «Operação Dominó» em Abrantes

Aconteceu no passado dia 26 de Fevereiro, na Escola Secundário Dr. Solano de Abreu, em Abrantes, a primeira apresentação pública da obra «Operação Dominó» no ano de 2010.


Com uma plateia considerável (que quase esgotou a capacidade do velhinho auditório), constituída por professores da escola, técnicos do Centro de Novas Oportunidades, alunos de cursos de Educação e Formação de Adultos, candidatos ao processo de RVCC e adultos já certificados, foi apresentado o texto, explicando-se a génese do mesmo e o enredo que remete para as temáticas chave da modalidade EFA.







Fica como exemplo um excerto lido na apresentação pela Drª Isabel Pinheiro (Coordenadora do Centro de Novas Oportunidades) que ilustra a questão da transferência de saberes.



" (...) No mostrador de velocidade do Cadillac, o ponteiro aproximava-se vertiginosamente do algarismo 120.
Sentado ao lado, Gerónimo enganava o sono com as emoções emergentes da grandiosidade da América. Carros compridos, camiões gigantes e motos de modelos excêntricos iam sendo ultrapassados pelo Cadillac branco.
No banco de trás, Deodata, com a intriga no lugar do sono, ia-se interrogando sobre o cenário à sua volta.
- Toninho, não estás a ir com força demais?
- Não mãe. Os carros na América andam pouco.
- Mas vais a passá-los todos!? – observou Gerónimo, desperto pela preocupação da esposa.
- Vamos a pouco mais de cem. Isto é uma auto-estrada, igual àquela que vai para Lisboa.
No banco de trás, Deodata retirou o telemóvel da maleta de mão e, seguindo os ensinamentos de Silvina, fez a conversão das milhas para quilómetros. O resultado que apareceu no visor do equipamento tecnológico empalideceu-a subitamente, petrificando-lhe os movimentos e a voz.
Quando a destreza voltou, benzeu-se com devoção aflitiva e comunicou os números da conversão.
- Toninho, por amor de Deus, abranda o passo.
- Porquê mãe?
- Vais a quase duzentos à hora.
- Não sejas parva mulher. Até eu que não conheço lá muito bem os números, consigo ver que o moço nem a cento e vinte vai.
- Vou a cento e dez, mãe.
- Vais muito depressa. Abranda por amor de Deus! Estou a ficar com ânsias.
- O mestre Joaquim das Facadas veio a viagem quase toda a cento e vinte e não disseste nada.
Perante os protestos de Gerónimo e a desilusão de Toino Bezerra, o Cadillac abrandou a marcha. No mostrador, o ponteiro deslocou-se para junto do algarismo oitenta e Deodata começou a recuperar o fôlego que aquela corrida louca parecia ter-lhe tirado.
- A oitenta nunca mais lá chegamos.
- Levamos mais tempo. – confirmou o rapaz da cabeça de bezerro tatuada no braço.
- Toninho! Agora vais a quase cento e trinta quilómetros por hora.
- Não sei o que é que a tua mãe anda aprendendo na escola!? Nem os números ela conhece.
- A velocidade nos Estados Unidos é medida em milhas e não em quilómetros, como em Portugal.
- O quê?
- Aprendi na aula de Matemática para a Vida. E a Silvina ensinou-me a fazer as contas no telemóvel. (...)"
A todos os visitantes do Blog deixo o convite à participação em forma de comentário ou reflexão sobre a temática apresentada e / ou sobre a apresentação em Abrantes.

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